15.11.04

Uma viagem

A Fundação de Serralves organizou entre 25 de Outubro e 3 de Novembro (2004), no âmbito dos seus programas de turismo cultural, uma viagem à Índia. Mais especificamente aos Jardins Mughal. Como tivémos a sorte (mas a sorte não cai do céu...) de participar, vamos deixar aqui alguns vestígios. Nada do que aqui escrevemos envolve qualquer responsabilidade para os organizadores (seja da parte do serviço que gere os jardins na Fundação e concebeu o programa, seja da parte de outros sectores dessa instituição prestigiosa, seja da parte da agência que concretizou o plano no terreno, de seu nome GEOTUR). Parte do que aqui se escreverá foi respigado de informação disponibilizada pela própria Fundação (por exemplo no seu sítio, mas também durante a viagem).
Lê-se no sítio da Fundação, onde o programa desta viagem é apresentado:
A Dinastia Mughal reinou entre 1526 e 1858 nos territórios hoje divididos entre o Paquistão, Afeganistão, Kashmir e Norte da Índia. O espaço construído sob a forma de jardim representou para esta dinastia um primeiro locus de experiência geográfica, depois aplicada ao espaço urbano e às regiões sob o seu domínio, como metáforas espaciais de um território correctamente ordenado, evoluíndo posteriormente para espaços de elevada significação simbólica.
A viagem de Turismo Cultural de Paisagem aos Jardins Mughal, que persistem no norte do território da Índia, prossegue a programação do Parque de Serralves no domínio do património construído sob a forma de jardim e de paisagem

Mongóis? Mogóis? Moghuls?

Bem, eles até são (descendentes) de Mongóis. Mas vieram por aí abaixo (até à Índia) e trataram de marcar a sua diferença. Portanto, "mogóis". Ou "moghul". Diremos, aqui, mogóis.

Em 1526, Baber, um príncipe da Ásia Central, descendente de Timur e um brilhante militar de campanha, invade a Índia, derruba os Lodis na histórica batalha de Panipat e assenta as fundações do Império Mogol. Este domínio tem uma breve interrupção quando o filho de Baber, Humayun, é deposto em 1540 por um invasor afegão, o Sher Xá Sur. Mas Humayun recupera o trono em 1555, deixando ao seu filho Akbar a consolidação e expansão do Império Mogol. Os dois imperadores seguintes, Jahangir e o xá Jahan, legaram à Índia um impressionante espólio artístico e arquitectónico. Aurangzeb, o último grão-mogol, expandiu o império conquistando novos territórios no Sul.

Os Mogóis fundaram uma poderosa e influente dinastia. Dominaram a Índia por mais de 300 anos. Grandes patronos da literatura, da arquitectura, das artes e ofícios, que evoluíram muito no seu reinado, os Mogóis promoveram uma cultura pluralista, combinando o melhor das tradições hindu e muçulmana.

A morte de Aurangzeb, o último grão-mogol, em 1707, assinala o declínio do império.

(do guia American Express da Índia)

Char Bagh


A designação "Char Bagh" remete para o modelo clássico de jardim que está presente, de forma mais ou menos ortodoxa, nos vários jardins mogóis que visitámos. A estrutura básica é um jardim dividido em quatro quadrados, separados por dois eixos ortogonais materializados por canais de água, representando assim os quatro rios do paraíso celeste muçulmano. Muitas vezes o ponto nobre do jardim (por exemplo, o mausoléu) está no centro da estrutura, onde se pensa a comunicação entre a terra e o céu.
Num certo sentido, nesta cultura o pensamento acerca da estruturação da urbe começa a exercitar-se como pensamento acerca do jardim.
Em alguns casos a estrutura elementar (quatro quadrados) aprofunda-se em complexidade, divindindo cada um dos quadrados em estruturas subsequentes de quatro quadrados contidos, uma vez mais ordenados por canais de água. O jardim do Taj Mahal (na figura) ilustra esta composição mais complexa.
Contudo, no Taj Mahal o monumento tumular não se encontra no centro do jardim, mas num dos lados, confinando com o rio, que assim parece ter sido integrado na estrutura conceptual do conjunto edificado.
(Obrigado Vitor, se é que percebi bem...)


Um mapa da Índia e "arredores". A norte notam-se as três cidades que constituem os principais nós do percurso que aqui se faz (Nova Delhi, Jaipur, Agra).

Olha nós a subir de elefante para o Forte Amber!
(Foto de autor anónimo.)

2.11.04


99. De saída de Agra para Delhi, vamos apanhar a maior rodovia do país. Chamam-lhe auto-estrada, mas mesmo aqui circula-se em contra mão quando isso é conveniente para o percurso. Compramos uma porção de naan (pão branco levedado) para o caminho?

100. Mulheres trabalhando no campo (que sempre vimos muito cultivados, não apenas nas margens desta estrada de Agra para Deli). Mas quase só se vê o campo... e assim a distância crescente mostra que estamos prestes a despedir-nos. Da capital já não reteremos novas imagens.

1.11.04


81. Taj Mahal logo pela manhã. O Taj Mahal é o túmulo da rainha Mumtaj Mahal, a preferida do Imperador Shah Jehan. Mandado construir por este em 1630, em mármore branco, custou 17 anos de trabalho a mais de 20.000 homens orientados por arquitectos persas, turcos, franceses e italianos.

82. Aspecto parcelar do Taj Mahal.

83. Nos jardins do Taj Mahal, um cortador de relva puxado a vacas.

84. A parte do Taj Mahal virada para o rio, vendo-se ao fundo a mesquita do complexo.

85. Entrada exterior do Forte de Agra, construído pelo Imperador mogol Akbar entre 1565 e 1573.

86. Entrada interior no Forte de Agra (Porta de Amar Singh).

87. A colunata do Diwan-i-Aam, salão de audiências públicas do imperador, no forte de Agra.

88. Vista parcial do interior do Forte de Agra.

89. Parte dos aposentos no interior do palácio que está no interior do forte de Agra.

90. O Taj Mahal visto do Forte de Agra.

91. Detalhes decorativos no Forte de Agra.

92. Detalhe decorativo no Forte de Agra.

93. As mãos a embutir em mármore.

94. Túmulo-jardim de Itimad-ud-Daulah's, mandado construir por sua filha Nur em Agra. Estilisticamente é um momento de transição na arquitectura mogol, entre a robustez das construções em arenito vermelho e a delicadeza do Taj Mahal. Começou a ser construído em 1622.

95. Pormenor do túmulo de Itimad-ud-Daulah's: os jalis de mármore são rendilhados com intrincados motivos ornamentais esculpidos numa laje de mármore única.

96. Acabou o corte de barba. Tudo pode acontecer na rua.

97. O sol poisa à vista dos jardins do túmulo de Itimad-ud-Daulah's.

98. Anoitece na periferia de Agra. A vaca respeitada parece hesitante acerca do que fazer agora que a luz escasseia.

31.10.04


77. Cidade de Deeg (desvio na estrada de Jaipur para Agra, distrito de Bharatpur). Outrora capital dos reis Jat de Bharatpur, Deeg destacou-se após o declínio do império mogol no século XVIII. Aqui vemos o Pavilhão Sawan, no Palácio da Água. Tem a forma aproximada de um barco invertido e situa-se junto ao tanque-lago que recolhe a água da monção.

78. No interior de Fathepur Sikri, cidade deserta a cerca de 40 km de Agra, mandada construir pelo Imperador mogol Akbar em 1569 e posteriormente abandonada (por falta de água, segundo a explicação mais simples mas provavelmente incompleta).

79. Vista de uma das praças interiores de Fathepur Sikri. (Mais uma vez o cair da noite apanhou-me com um rolo inapropriado...)

80. Annop Talao, em Fathepur Sikri.

30.10.04


53. Visão geral do Forte de Amber. O Palácio-Fortaleza de Amber foi uma cidadela real dos Kachhawaha até 1727, quando a sua capital passou para Jaipur. Os governantes seguintes continuaram a vir aqui para receber a bênção da divindade da família, Shila Devi. A cidadela foi fundada em 1592.

54. Músico.

55. Um pormenor do sistema de ventilação e refrigeração do Forte de Amber.

56. Kesar Kyari Bagh, jardim à vista do Forte de Amber e que pertence ao conjunto. Tem canteiros em forma de estrelas, outrora plantados com flores de açafrão (kesar).

57. No centro do Forte de Amber, vemos o interior da Ganesh Pol, de onde as mulheres espreitavam a vida exterior a que não eram autorizadas a juntar-se.

58. Os rendilhados característicos.

59. Pormenor decorativo no Forte de Amber.

60. Subindo a encosta do Forte de Amber em elefante.

61. Aspecto dos interiores do Forte de Amber: entrada para a Sala de Audiências Privadas (Jas Mandir).

62. Ganesh Pol, porta de três andares que, pela parte superior, está ligada aos aposentos privados onde se encontravam as mulheres em reclusão.

63. O pátio para audiências públicas (Diwan-i-Aam) no Forte de Amber .

64. Jal Mahal (Palácio das Águas), 8 km a norte de Jaipur. Durante a monção as águas do lago Man Sagar sobem e o palácio parece flutuar como uma miragem.

65. Materiais para estampagem de tecidos.

66. Tecelão.

67. Movimento de rua na hora do almoço. Experimente atravessar: encha os pulmões de ar, à cautela não feche os olhos, siga uma trajectória previsível a uma velocidade constante (para que os outros saibam com o que podem contar) e verá que é tudo mais fácil aqui do que em Palermo ou talvez até mesmo em Roma.

68. Em Jaipur, o Jantar Mantar, que é o maior dos cinco observatórios astronómicos construídos pelo Marajá Jai Singh. Numa coisa as concepções de instrumentação científica do homem eram muito modernas: ele acreditava que a potência dos instrumentos, proporcionada pelo seu gigantismo, era um factor decisivo para a sua precisão. O que vemos aqui (aquela "parede" enorme com um perfil inclinado) é a peça mestra de um relógio de sol com 23 m de altura.

69. Parcialmente escondido pelo grande relógio de sol, vê-se ao fundo a traseira do que resta do Palácio de Vento.

70. O Palácio do Marajá, visto do observatório (à vista desarmada). Fechado ao público (o marajá habita-o). O "marajá" já não é marajá (no sentido político do termo), mas ainda é rico e tem o poder que daí resulta. As suas incursões especificamente políticas é que parece que têm dado pouco resultado. Se ele lesse mais os nossos jornais saberia que é mais eficaz controlar o poder do que deter o poder...

71. Este é o "pequeno" relógio de sol. Mede a hora local de Jaipur com uma precisão de 20 segundos.

72. Rajendra Pol. Entrada do Palácio da Cidade de Jaipur. Os dois elefantes que flanqueiam a porta estão esculpidos cada um num bloco único de mármore.

73. Interior do Palácio da Cidade em Jaipur.

74. Uma das urnas de prata (subsiste outra ao lado) que, segundo o Guiness, são os maiores objectos de prata do mundo. Várias destas transportaram água do Ganges durante a visita de Madho Singh II a Londres, em 1901.

75. Interior do palácio da cidade em Jaipur.